A matemática do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), torna-se cada vez mais intrigante quando o assunto é cultura. Cada vez mais dinheiro para as atrações nacionais, cada vez menos para os artistas locais. No Verão Massayó, realizado entre os dias 12 e 21 de janeiro deste ano, em Jaraguá, o município gastou R$ 8,2 milhões com cachês, sendo R$ 7,9 milhões para os de fora e R$ 300 mil para quem é da terra.
A lei manda que a prefeitura de Maceió destine no mínimo 50% dos recursos de qualquer evento cultural com artistas locais. Mas no Verão Massayó foram mais de 95% das despesas com artistas nacionais e menos de 5% com os artistas locais.
Nas prévias do Carnaval de 2024, o prefeito foi chamado de “bolsonarista” por “tentar acabar com a cultura local” e, principalmente, por não ter publicado o edital de incentivo aos blocos carnavalescos de Maceió.
Agora, depois das críticas e da repercussão negativa nas redes sociais - e ao que parece, JHC se preocupa mais com o Instagram do que com os problemas reais da cidade - o prefeito recuou. Nesta quarta-feira (31), saiu publicado, no Diário Oficial do município, convênio entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Liga Carnavalesca de Maceió no valor de R$ 690 mil.
O convênio foi realizado “às pressas” e saiu depois de muita pressão. Vários blocos passaram a denunciar o prefeito JHC, com repercussão negativa nas redes sociais. Como não há tempo hábil para publicação do edital (em 2023, o edital da FMAC para essa finalidade foi publicado em 11 de janeiro), o prefeito aparentemente fazer um convênio.
O dinheiro será, segundo o documento, para patrocinar eventos que terão a participação de mais de 100 blocos somente no Jaraguá Folia, nesta sexta-feira, 2 de fevereiro. Ao todo, de acordo com a programação da liga, além do Pinto da Madrugada, maior bloco de Alagoas e um dos maiores do Brasil, outros 20 grupos participam das prévias de carnaval na cidade.
Somados, Pinto da Madrugada e os mais de 120 blocos que vão participar nas prévias e no Carnaval de 2024 de Maceió valem 12 vezes menos que os R$ 8 milhões já pagos adiantados à escola de samba Beija-flor de Nilópolis, do Rio de Janeiro.
A matemática é simples: a Beija-flor receberá R$ 8 milhões por um desfile de 1 hora e 20 minutos, enquanto o Pinto da Madrugada, que costuma arrastar mais 100 mil pessoas, e os outros 120 blocos que vão levar alegria para milhares de foliões pelas ruas de Maceió por mais de 120 horas, ou 100 vezes mais tempo que a escola do Rio, vão receber R$ 690 mi.
Na prática, a prefeitura de Maceió vai pagar R$ 65,5 mil por minuto de desfile da Beija Flor. Já o valor destinado aos blocos da cidade representa, quando divididos, menos de R$ 5,7 mil por hora ou cerca de R$ 95 por minuto.