Em torno de 40 mil arquivos foram digitalizados e distribuídos em 170 pastas. Os textos podem ser consultados no site da Santa Sé.
Historiadores já tiveram acesso
Em março de 2020, o Vaticano já permitiu que os pesquisadores tivessem acesso a 120 fundos e séries de arquivos históricos sobre Pio XII. Esse papa é acusado de ter se mantido em silêncio durante o extermínio de 6 milhões de judeus.
O Vaticano defende Pio XII, afirmando que salvou muitos judeus, os escondendo em instituições religiosas e que, com seu silêncio, queria apenas não agravar ainda mais a situação.
Essa nova publicação permitirá que os descendentes dos remetentes possam "encontrar o rastro de seus familiares de qualquer parte do mundo", disse o monsenhor Paul Gallagher, responsável pelas relações com os Estados, em um artigo publicado pelo "L'Osservatore Romano", o jornal do Vaticano.
Visto, asilo, escapar dos campos de concentração
As cartas chegaram de todas as regiões da Europa. Os autores buscavam principalmente conseguir vistos ou passaportes, obter asilo, ajuda para reunir parentes ou informações sobre pessoas deportadas. Alguns pediam ajuda para serem soltos dos campos de concentração.
O destino da maioria dos que pediram ajuda é desconhecido, diz o Vaticano.
Em uma mensagem escrita em 1942, um estudante alemão de 23 anos explica que quer fugir de um campo de concentração na Espanha. "Há poucas esperanças para os que não tem nenhuma ajuda de fora", escreveu o jovem.
Os arquivos não revelam nenhuma outra informação mas, segundo as investigações do United States Holocaust Memorial Museum de Washington, o homem foi libertado um ano depois de enviar a carta e se mudou para a Califórnia.
A publicação que acontece um dia depois do papa se reunir com uma organização internacional judia.
Acadêmicos e historiadores pressionaram o Vaticano durante décadas para que esses documentos fossem disponibilizados.