O adolescente de 17 anos apreendido após jogar explosivos em uma escola pública no interior de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (13), escreveu em um diário que estava “pronto para morrer” e que é “motivado pelo ódio e rancor.”
As anotações, divididas por dias, foram apreendidas na casa do jovem, em Monte Mor, cidade da região de Campinas, onde ocorreu o atentado. Ninguém se feriu.
Em meio aos escritos, o adolescente destaca o numeral 88, usado por simpatizantes do nazismo em referência à saudação Heil Hitler (Salve, Hitler), ditador responsável pelo genocídio de milhões de vítimas durante a Segunda Guerra Mundial.
O jovem ironiza o nome de uma das instituições alvo dos ataques, a escola municipal Vista Alegre. “A tal vista alegre vai ficar com uma vista triste.”
No mesmo prédio onde as bombas foram arremessadas, funcionam a escola municipal e também a Escola Estadual Professor Antonio Sproesser. O jovem, segundo a prefeitura do interior, é ex-aluno. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, um artefato caseiro jogado pelo jovem “chegou a explodir no vaso sanitário”.
Em outro ponto do diário, o adolescente afirma se sentir “abandonado, sozinho, sem amigos”, concluindo mais abaixo: “as escórias não conseguiram me influenciar, não faço parte deles. Sou fora do padrão. Superior dos demais.”
Além do diário, a polícia apreendeu com o menor duas edições de “Minha Luta”, biografia de autoria de Adolf Hitler, uma bandeira com o símbolo da SS (Schutzstaffel, organização paramilitar responsável pelo Holocausto), além de uma moeda de 1938, que faz referência ao führer.
Um vídeo feito com celular mostra o infrator jogando a bomba, que quebrou o vidro de uma janela da instituição de ensino.
O jovem foi apreendido por guardas-civis metropolitanos, logo depois do ataque. Ele foi encaminhado à delegacia da cidade, onde o caso é investigado. A Polícia Civil apura o que teria motivado os ataques.
Com o adolescente, afirmou a Guarda Civil Municipal, também foram apreendidos coquetéis molotov – explosivo caseiro feito com uma garrafa cheia de líquido inflamável, na boca da qual um pavio é acendido com fogo. Os itens em poder do menor eram feitos com garrafas plásticas.
A Polícia Militar foi acionada para prestar apoio. Os PMs encontraram o carro usado pelo adolescente, um Peugeot 207 preto, estacionado na Rua Barciliano.
Uma audiência de custódia seria realizada nesta segunda-feira. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) afirmou ao Metrópoles que, por se tratar de um caso envolvendo menor de idade, o resultado não seria informado.
A prefeitura determinou a suspensão das aulas da manhã e da tarde desta segunda-feira. O governo avalia oferecer acompanhamento psicológico aos alunos, retirados da instituição por causa do atentado.
“O ocorrido foi um ato isolado, e a Prefeitura de Monte Mor, também por meio desta [nota], tranquiliza todas as famílias, pais e responsáveis, de alunos da rede municipal de ensino e repudia, de forma veemente, todo e qualquer ato de violência”, diz trecho do comunicado.
A Secretaria Estadual de Educação lamentou o caso, ressaltando a inexistência de feridos. A pasta afirmou que a segurança da unidade será reforçada, com o apoio de ronda escolar.
Após a perícia no local, a Educação estadual disse que as aulas serão retomadas. Alunos da rede do estado comparecem nos períodos da tarde e da noite. Já os da prefeitura frequentam a escola pela manhã.