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27/03/2023 às 08h47min - Atualizada em 27/03/2023 às 08h47min

Falso médico recebeu mais de R$ 500 mil como funcionário-fantasma

Thiago Celso Andrade Reges chegou a trabalhar em quatro hospitais do Ceará. Em um deles, tinha salário de R$ 42 mil. Ele publicava nas redes sociais armas, luxo e presença em festas

Por Gazetaweb

O falso médico Thiago Celso Andrade Reges, 36 anos, acusado de exercer medicina de forma ilegal, trabalhou como funcionário-fantasma em Itapajé, durante 13 meses — entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022. Thiago, que foi preso, recebia R$ 42,5 mil no município por mês, o que totalizou R$ 552,5 mil ao fim dos 13 meses.

A gestão municipal de Itapajé, eleita em 2020, teria encerrado contrato com o falso médico ao assumir a prefeitura, em janeiro de 2021. Contudo, como constatado pelo g1, o nome de Thiago aparece com vínculo ao município até janeiro de 2022, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. A reportagem aguarda posicionamento da Prefeitura de Itapajé.

Os vereadores da Câmara Municipal de Itapajé cobram investigação sobre o caso, que deve ser denunciado ao Ministério Público do estado. Os parlamentares questionam como o nome de Thiago aparece na folha do município ilegalmente.

A captura de Thiago ocorreu em 17 de março, no Bairro Cocó, em um prédio da área nobre da capital cearense. Além do exercício ilegal da medicina, ele é investigado por estelionato e falsidade ideológica e de documentos, pois tentou validar um falso diploma.

Vida de luxo

Thiago era frequentador assíduo de festas e haras promovidas por famosos. Conforme documento ao qual o g1 teve acesso, ele usou dinheiro obtido com o exercício ilegal da medicina para bancar uma vida de luxo.

Ele trabalhou em pelo menos quatro hospitais no Ceará, nas cidades de Itapajé, Mulungu, Baturité e Pentecoste.

Nas redes sociais, ele postou fotos com Wesley Safadão, Nicole Bahls, Gusttavo Lima, Andressa Suita, entre outros. Ele também ostentava imagens de armas de fogo, viagens e fotos em jatinhos particulares e carros de luxo.

Segundo a denúncia contra Thiago Celso Andrade Reges ele trabalhou como médico após obter uma liminar na Justiça para que o diploma de medicina de uma universidade na Bolícia fosse validado no Brasil.

A reitoria da Universidade Estadual do Ceará (Uece) emitiu a revalidação, anulada após a universidade descobrir que ele não havia se formado, e o diploma era falso. O registro dele no Conselho Regional de Medicina (Cremec) também foi cassado.

Defesa de Thiago

O falso médico foi preso em 17 de março e solto uma semana depois. Em manifestação nas redes sociais neste após a soltura, ele disse que "tudo será esclarecido".

"Não julgue, não acuse, não precipite, não apresse, porque o único que pode fazer isso é Deus. Tudo será esclarecido no tempo certo e de Deus. Aos verdadeiros amigos e amigas, minha gratidão. Estou bem e nos braços da minha família", disse.

O advogado de Thiago afirmou que ele "clinicou apenas enquanto tinha uma liminar para isso". "A defesa alega, desta forma, que ele não exerceu ilegalmente a profissão."

Uma servidora de Itapajé, que preferiu não se identificar, informou ao g1 que Thiago era conhecido na cidade e buscava fazer plantões para aumentar a remuneração. Quando houve vacância no cargo de diretor de uma unidade de saúde do município, ele se candidatou à vaga, mas foi reprovado por "ser considerado inapto para a função".

O caso corre em segredo de Justiça. Além disso, o homem responde por tráfico internacional de mulheres, no Acre.


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