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02/08/2023 às 09h54min - Atualizada em 02/08/2023 às 09h54min

Gravações revelam tentativa de compra de vereador pelo procurador da Câmara de Porto Real do Colégio

Denúncias foram encaminhadas ao núcleo do Ministério Público na cidade

Por 7 Segundos
Procurador da Câmara de Porto Real do Colégio é apanhado em gravação tentando comprar vereador - Foto: Reprodução

Em meio à crise instalada no poder legislativo de Porto Real do Colégio, na região do Baixo São Francisco, uma nova denúncia envolvendo prática criminosa por servidor da câmara foi recebida pelo Ministério Público da cidade na manhã desta terça-feira (01).

Segundo vídeos e áudios disponibilizados ao MP e adquiridos pelo Portal 7 Segundos, o atual procurador da Câmara de Vereadores, Francisco de Assis Alves Júnior, tentou comprar um dos vereadores colegienses. O cargo de procurador é uma função de confiança, cujo nome é indicado diretamente pelo presidente da casa.

A presidência da câmara, por sua vez, é outra questão polêmica que está sendo resolvida na justiça. Durante uma sessão ocorrida em 5 de julho deste ano, o segundo secretário da casa, Tibúrcio Militão (Republicanos) se auto-intitulou presidente da casa, mas em uma votação paralela ocorrida no plenário, a maioria dos vereadores escolheu Dadá da Aldeia (Republicanos) como o novo presidente.

Os dois arquivos, um áudio e um vídeo que constam no telefone da pessoa que recebeu o contato do procurador, foram levados até o cartório da cidade de Propriá, onde foi lavrada uma ata notarial - instrumento que documenta a existência dos arquivos no aparelho, mesmo que eles sejam apagados posteriormente. A ata contém a transcrição na íntegra dos arquivos.

No material, Francisco expõe uma tentativa de negociação em torno do apoio do vereador Janiel da Aldeia (Republicanos). Durante a ligação, o procurador chega a oferecer uma quantia de “20”, o que no entendimento do vereador seriam 20 mil reais. Francisco afirma ainda que se Janiel tivesse aceitado o suborno antes, o valor seria maior, de “30”, o que seriam 30 mil reais.

Segundo o vereador, as ligações do procurador foram feitas ao cunhado de Janiel da Aldeia, conhecido como Dodô. Essas chamadas aconteceram, segundo a denúncia encaminhada ao MP, no domingo 16 de julho deste ano, às 14 horas e 23 minutos - portanto, após a sessão realizada no dia 5 do mesmo mês, que elegeu uma nova mesa diretora para o legislativo colegiense.

Os diálogos

Em uma longa chamada de 11 minutos e 22 segundos, Francisco Junior pressiona o assessor do vereador Janiel da Aldeia a aceitar o valor de “20”, e que não consegue mais o valor de “30”. Segundo ele, o presidente - que seria o vereador Tibúrcio Militão - já tem os seis vereadores para compor maioria da casa, e portanto após a constituição da maioria, não haveria mais interesse em compor com outros vereadores.

“Eu só consigo 20. Aquela coisa da assessoria eu consigo, agora pra gente chegar junto agora, só consigo chegar com 20. A gente teve as despesas… a gente já tá com 6, entendeu? É como eu disse, quem vem primeiro, vem melhor. Depois do sétimo, quem quiser vir, venha pra gente ajudar com alguma coisa mês a mês. Ele tá demorando muito o Janiel… não abriu a guarda antes, aí já abri a guarda pra gente. Aquele que eu tinha falado, de 30, já não consigo mais, só consigo de 20, entendeu? e se demorar muito, não vai ter nem como resolver esses 20, entendeu?”, diz o procurador.

Em seguida, Francisco diz que caso o acerto seja fechado, ele daria um jeito de estar rapidamente com o vereador para fechar o negócio - o que foi entendido por testemunhas como o pagamento em mãos do vereador pelo valor acertado.

“O grupo não existe mais não… a gente já tá com seis. Amanhã sai a [inaudível] e você vai ver. Vai ficar fora do jogo. Amanhã sai a foto dos seis, e você vai ver quem são os outros dois. Eu estou em Maceió, mas se for o caso, a gente dá um jeito de resolver isso. Eu vou aí amanhã de manhã, entendeu? porque eu quero que vocês estejam dentro”, diz.

Em outro trecho, Francisco pressiona mais uma vez o assessor Dodô, afirmando que se o grupo que ele representa chegar ao sétimo vereador, Janiel ficaria “boiando” nas palavras do procurador, sem nada fora do que ele chama de “normal”.

“Diz a ele ‘meu amigo, chegou a hora de correr, ou você vai ficar boiando’. Quando eu digo ficar boiando, é ficar só com o salário e o que tem do vereador normal, sem assessoria, sem nada. Se ele vier como sétimo, tem. Passou disso, é parceria futura só. Se for o sétimo, a gente ajeita ele de todo jeito, porque quem é nosso é nosso. Eu vou lhe dizer com muita tranquilidade: os dois que vieram, tá com a reeleição garantida. Só se não souber buscar o voto, porque parte financeira não é problema”, afirma.

Segundo informações, o material foi entregue nesta terça-feira (01) à promotora do Ministério Público na cidade de Porto Real do Colégio, Ariadne Dantas Meneses, que deverá abrir procedimento investigatório para apurar as condutas dos personagens envolvidos no fato: o procurador Franscisco de Assis Alves Júnior, o vereador Janiel da Aldeia e o seu assessor, identificado como Dodô.


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