O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter pedido a um empresário para "repassar ao máximo" mensagem questionando as urnas eletrônicas.
"Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso", disse Bolsonaro ao jornal "Folha de S.Paulo".
Na investigação sobre um grupo de empresários que discutiram, pelo WhatsApp, um golpe de estado, a Polícia Federal encontrou uma mensagem do contato "PR Bolsonaro 8" que ataca, sem provas, o Tribunal Superior Eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e o instituto de pesquisa Datafolha.
Mensagem enviada — Foto: Petição 10.543 DF/Reprodução
A mensagem foi revelada pelo blog da Daniela Lima. No texto atribuído a Bolsonaro, o ex-presidente ataca integrantes do Supremo, como também comenta sobre fake news e critica a ação do ministro Luís Roberto Barroso de defender o "processo eleitoral como algo seguro e confiável" e trata a defesa do voto eletrônico como "interferência".
Após a ordem para disparar a fake news e os ataques a Barroso e outros ministros do STF e do TSE não nominados, Bolsonaro recebe uma resposta de Meyer Nigri. "Já repassei para vários grupos!". Ao se despedir do agora ex-presidente, o empresário envia "abraços de Veneza".
"A dilação de prazo solicitada pela Polícia Federal é justificada, uma vez que, em relação ao investigado Meyer Joseph Nigri há necessidade da continuidade das diligências, pois o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito", justificou Moraes.
A Polícia Federal convocou o ex-presidente para depor no dia 31 de agosto. Será o quinto depoimento de Jair Bolsonaro em investigações abertas pela PF. Ele já teve que dar:
A defesa de Meyer Nigri disse que ele jamais foi disseminador de notícias falsas; que apenas encaminhou mensagens de terceiros para fomentar o legítimo debate de ideias de forma eventual e particular; que Meyer Nigri sequer possui contas em redes sociais ou em qualquer outra plataforma de disseminação em massa; e que tem plena certeza de que ficará devidamente demostrado que não praticou crime algum.