A Polícia Federal (PF) investiga se os dois homens que tiveram equipamentos eletrônicos apreendidos em Maceió estão ligados a algum esquema de tentativa de fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Ao serem interrogados, eles alegaram que tinham vindo à capital alagoana para aproveitar as praias, mas, nos dois dias em que ficaram no estado, não foram a nenhum balneário. A PF alertou as equipes de fiscalização do Enem para que fiquem alertas à movimentação nas salas e, também, ao uso de micro equipamentos que são colocados no ouvido. Isso porque o segundo dia de prova do Exame Nacional acontece no domingo (12).
De acordo com o delegado federal Antônio Miguel, as investigações em Alagoas começaram após a Polícia Rodoviária Federal (PRF) flagrar, durante abordagem em Vitória da Conquista-BA, um homem que seguia viagem para Maceió e que estava em posse de seis microcâmeras, que foram apreendidas. O fato foi repassado para a PF, que passou a acompanhar o suspeito e a investigar o caso.
A PF descobriu onde o homem e um colega dele ficariam hospedados e solicitou à Justiça um mandado de busca e apreensão, que foi concedido. Com isso, os policiais fizeram revistas no local onde eles estavam e conseguiram apreender um pequeno celular - do tamanho de um cartão de crédito - e um fone auricular minúsculo, que é colocado dentro do ouvido e, de tão pequeno, pode passar despercebido facilmente. Também foram apreendidos celulares dos suspeitos e outros itens.
Por não haver, por enquanto, nenhuma relação das apreensões com o Enem, os dois suspeitos foram liberados e, agora, estão sendo investigados. A Polícia Federal busca se há alguma ligação entre eles e algum candidato que prestou o exame na capital alagoana.
"Estamos apurando as relações. Apreendemos os celulares dos envolvidos e vamos verificar se eles iam entregar para alguém esses equipamentos. Também passamos para as equipes do Enem para que os fiscais tomem precauções especiais no sentido de observar a movimentação", afirma o delegado.
Ele destaca que, caso o material fosse utilizado pelos candidatos que prestaram o Enem, eles conseguiriam passar imagens da prova para quem estava fora, de forma que essa pessoa pudesse enviar as respostas corretas para os candidatos.
"É uma forma de quebrar o sigilo da prova antes do tempo determinado. Os suspeitos não falaram nem origem e nem destino do material. Disseram apenas que não sabiam como os equipamentos tinham ido parar nas coisas deles. Falaram que vieram a Maceió para ir à praia, mas ficaram dois dias e não foram a lugar nenhum. Se encontrarmos material semelhante ao que eles tinham de posse de candidatos em Alagoas, é um indício de que foi fornecido por eles. Por enquanto, como estavam apenas de posse e não tem uma ligação com uma possível fraude do Enem, eles estão só sendo investigados", pontua Antônio Miguel.