A sede da prefeitura de Maceió teve um dia diferente nesta segunda-feira (26/2) com um protesto inusitado protagonizado pelos trabalhadores da cultura. O movimento, que reuniu diversas entidades e fóruns, foi marcado por apresentações musicais, capoeira, dança e outras performances, tudo em protesto contra o que chamam de “calote” e “descaso” da gestão do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), com os artistas locais.
Com uma faixa estampando “queremos R$ 8 milhões também” e montando uma tenda em frente à prefeitura de Maceió, no bairro de Jaraguá, os representantes dos trabalhadores da cultura resistiram às várias tentativas de negociação para deixar o local. Eles persistiram e conseguiram “enquadrar” o prefeito JHC, que se viu obrigado a receber os manifestantes, temendo que permanecessem por mais tempo no local.
Durante a reunião com o prefeito, uma comissão entregou a JHC uma carta manifesto intitulada “Ser artista em Maceió é massa?”, resultado das várias tentativas frustradas de diálogo com os gestores municipais e da falta de soluções para os problemas enfrentados pela comunidade cultural.
Dudu Nogueira, presidente do Sated-AL, relatou que o prefeito se comprometeu a encaminhar as propostas da carta manifesto e considerou “razoáveis” as reclamações dos trabalhadores da cultura.
No documento, assinado por diversos setores culturais, são apresentados 15 pontos com as demandas mais urgentes, incluindo a realização imediata das eleições para o CMPC - Conselho Municipal de Políticas Culturais, visando a escolha democrática dos representantes da sociedade civil para garantir o pleno funcionamento do CMPC e estabelecer o compromisso público da gestão.
Além disso, o grupo pede a substituição do Secretário da SEMCE, Cleber Costa, e do Presidente da FMAC, Myriel Neto, por profissionais técnicos comprometidos com a implementação de políticas públicas culturais.
Os trabalhadores da cultura também denunciam o atraso no pagamento por serviços prestados, destacando que muitos ainda não receberam os cachês do São João de 2023. Criticam ainda a priorização de artistas nacionais em detrimento dos trabalhadores da cultura local, evidenciada pelo gasto de mais de R$ 8,3 milhões em cachês para artistas nacionais, enquanto apenas R$ 300 foram destinados aos artistas locais, com a alocação de R$ 8 milhões para atrações nacionais.
Em uma das faixas exibidas durante o protesto, os artistas clamam: “queremos R$ 8 milhões também”. Eles também fazem referência aos R$ 8 milhões destinados para patrocínio da escola de Samba Beija Flor, do Rio de Janeiro, enquanto mais de 100 blocos de Maceió ficaram sem ter direito a edital para participação no carnaval deste ano.
Na carta, entre outras questões, os artistas pedem a execução plena da Lei 7.077/2021, que prevê a aplicação de pelo menos 50% dos recursos de eventos da prefeitura ou realizados através dela para a contratação de artistas locais.